No dia 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, uma data que remete à resistência e luta do povo negro contra a escravidão e em busca de igualdade de direitos. No entanto, em Arcoverde, município localizado no sertão de Pernambuco, a lembrança histórica contrasta com a realidade atual, marcada pela ausência de políticas efetivas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial.
Apesar de ser uma data de reflexão e reconhecimento da importância da cultura afro-brasileira, em Arcoverde, a comunidade negra enfrenta desafios diários relacionados à discriminação, desigualdade de oportunidades e falta de representatividade. A inexistência de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade racial tem contribuído para a perpetuação dessas questões na cidade.
Segundo dados históricos, Arcoverde tem uma significativa presença da população negra, que desempenha papel fundamental na construção da identidade cultural e social do município, a exemplo do Samba de Coco. No entanto, a falta de investimento em educação antirracista, acesso à saúde, mercado de trabalho inclusivo e valorização da cultura afro-brasileira tem gerado impactos negativos na comunidade negra local.
O exemplo mais emblemático da situação reporta-se ao Projeto de Lei Legislativo nº 024/2022, que institui a Política "SOS Racismo" no município de Arcoverde. O projeto foi aprovado pelo Poder Legislativo, mais foi Vetado pelo Prefeito Wellington da LW, por entender que a proposta é inconstitucional. Pois bem, a Câmara, com base em perecer jurídico próprio de derrubou o veto, promulgando a Lei 2.654/2023.
No entanto, até agora não houve a institucionalização da Lei e nada do que foi aprovado foi colocado em prática. O militantes da cultura negra, seguem o resgate histórico através da Associação Urucungo, do legado da Arhca, idealizada pelo saudoso Luis Eloy e regatada pela Professora Iraildes Leandro. Também não se pode esquecer de Eronice, Valdira e tantas outras, que atuam à frente do Movimento Negro Unificado. Outra iniciativa privada interessante é de Marta Rosa, que através de projeto de Captação pública e privada, garantiu a digitalização de todas edições do Abibiman.
De louvável pela a Prefeitura de Arcoverde, apenas a cessão do espaço e uma ação de formação para os técnicos da Assistência Social. Mesmo assim o assunto está longe das rodas de diálogo nas comunidades e o preconceito e racismo imperam forte em Arcoverde, lamentavelmente.
Diante desse cenário, a sociedade civil tem que cobrar das autoridades locais a implementação de ações afirmativas e políticas de inclusão social que atendam às demandas da população negra. A busca por visibilidade, respeito e igualdade de oportunidades tem impulsionado movimentos e iniciativas que buscam sensibilizar a sociedade e as instituições sobre a importância do combate ao racismo e da promoção da diversidade. Não basta, um banner bonito na página da prefeitura para passar a ideia que há atenção a causa. Na verdade não há.
Neste Dia da Consciência Negra, Arcoverde se depara com o desafio de transformar a lembrança histórica em ações concretas que promovam a igualdade racial e o respeito à diversidade. A necessidade de políticas públicas efetivas, aliada à conscientização e engajamento da sociedade, emerge como um caminho essencial para a construção de uma cidade onde a comemoração desta data seja, de fato, motivo de celebração e avanço na luta contra o racismo.
Esta matéria foi produzida com base em entrevistas e análises da situação atual em Arcoverde - PE, no contexto do Dia da Consciência Negra.
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